sábado, 10 de maio de 2014

O jovem monge

Antônio Luiz Gulart - Ryushô

Antônio Luiz Gulart tem 22 anos, nasceu em Itapetininga e é aluno do terceiro ano de Arquitetura do SENAC em São Paulo. Contudo, no templo budista no bairro da Liberdade, ele é monge ordenado, atende pelo nome de Ryushô e atua em todas as atividades do local.

O jovem vem de família nipônica por parte de mãe. “O budismo sempre esteve presente na minha vida, assim como o catolicismo na vida de outras pessoas”, comenta. Havia frequentes cerimônias budistas na casa de familiares do rapaz. Foi num desses encontros que um monge budista convidou Antônio para visitar o templo no bairro da Liberdade.

O rapaz já morava em São Paulo por motivos de estudo e decidiu ir até o local. “Comecei a frequentar o templo regularmente, conheci os monges, quando vi já estava costurando meu rakusu”. Antônio se tornou aluno de Saikawa Roshi, Superior Geral da Escola Soto Zen para a América do Sul. Quando o mestre pede para o aluno costurar o rakusu (o manto de Buddha, é costurado de retalhos de tecido pelo aluno) significa que ele deu um passo no caminho do dharma. Nesta cerimônia de ordenação leiga, chamada “Jukai”, o aluno recebe os preceitos do budismo e um nome búdico. Foi o que aconteceu com Antônio que passou a ser chamado dentro do templo de Ryushô.

Depois de algum tempo, Saikawa Roshi disse a Ryushô, “Dentro de uma semana você será ordenado monge”. Os pais do jovem ficaram surpresos com a notícia e perguntaram se ele queria trilhar este caminho, devido a grande disciplina requerida no treinamento monástico. O rapaz estava decidido e iniciou a preparação para a ordenação, que ocorreu somente duas semanas depois da declaração do mestre, pois as roupas de monge demoraram a ficar prontas.

No mês passado, Ryushô avançou no treinamento monástico quando realizou a “Batalha do Dharma” no templo budista em Weiterswiller, na França. Todo monge passa por esta cerimônia, na qual o mestre avalia o conhecimento do aluno e seu entendimento sobre o dharma. Muitas perguntas são feitas, primeiramente pelos monges e posteriormente pelas pessoas presentes. “Minha preparação para este momento importante consistiu em muitas horas de zazen e conversas com meu mestre”, comenta Ryushô.

Saikawa Roshi (à esquerda) e Ryushô ( à direita), durante a Batalha do Dharma.
Ryushô durante a Batalha do Dharma.


“Monge, significa uma pessoa que não tem lar e eu irei aonde meu mestre mandar”, declara Ryushô. O jovem monge faz planos de continuar seu treinamento no Japão assim que terminar seus estudos de arquitetura no Brasil.


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